Cientistas usaram radioimunoterapia para destruir populações de vírus
HIV em amostras de sangue de pacientes que passam pelo tratamento
antirretroviral. O estudo foi apresentado nesta terça-feira no encontro da
Sociedade Radiológica da América do Norte e pode levar a uma estratégia para a
cura total da AIDS.
O tratamento com antirretrovirais transformou a vida de pacientes
infectados pelo HIV. Os medicamentos suprimem a multiplicação do vírus no corpo
e fazem com que os pacientes tenham uma vida quase normal. Os remédios,
contudo, não conseguem acabar com a presença do vírus no organismo, que forma
"reservas" que voltam a se multiplicar se o tratamento for suspenso. Outra incapacidade do tratamento com antirretrovirais é ultrapassar a barreira hematoencefálica. Nosso cérebro é protegido por essa barreira, que impede a entrada de boa parte das substâncias do corpo - assim como os medicamentos contra a AIDS. O vírus, então, se aloja no órgão, causando desordens cognitivas e declínio mental.
No estudo, Ekaterina Dadachova, professor do Colégio de Medicina Albert
Einstein, em Nova York, liderou um time de pesquisadores que usaram amostras de
sangue de 15 pacientes com HIV. Eles testaram então a radioimunoterapia,
geralmente empregada no combate ao câncer, no sangue coletado. O tratamento consiste em usar células clonadas do sistema imunológico, combinadas
com isótopos radioativos. As células são programadas para perseguir células com
o vírus e "entregar" a partícula radioativa. "Na
radioimunoterapia, os anticorpos são vinculados a células infectadas e as matam
por radiação", diz Dadachova.
Os pesquisadores "miraram" em uma proteína encontrada na superfície de células infectadas pelo vírus e usaram partículas de bismuto-213 para mata-las. Ao analisarem as amostras, o vírus não foi mais detectado. Os cientistas usaram um modelo da barreira hematoencefálica in vitro e
descobriram que a radioimunoterapia consegue ultrapassá-la. O próximo passo,
afirma Dadachova, é testar o tratamento em pacientes.
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