A gonorreia é uma doença infecciosa do trato
urogenital, bacteriana, transmitida quase que exclusivamente por contato sexual
ou perinatal. Acomete primariamente as membranas mucosas do trato genital inferior
e menos frequentemente aquelas do reto, orofaringe e conjuntiva (PENNA, HAJJAR
e BRAZ, 2000).
O gênero Neisseria
apresenta cerca de 10 espécies sapotróficas dentre estas a Neisseria gonorrhoeae, diplococo Gram-negativo, não formador de
esporos, não contém flagelos, encapsulado e anaeróbio facultativo.
Foto1: Neisseria gonorrhoeae em microscopia óptica.
Fonte:
Aparicio, 2017.
Manifestações
Clínicas
De 2
a 5 dias após a relação sexual desprotegida com parceiro fonte, a infecção evolui
para a doença, causando alterações localizadas (aparelho urogenital) ou
sistêmicas.
· Gonorréia no homem: há
predominância de uretrite aguda, com período de incubação de 1 a 5, podendo
varias de 1 a 10 dias, sendo o corrimento uretral (inicialmente mucóide, mas
que de 1 a 2 dias pode se tornar purulenta) e a disúria são os sintomas predominantes.
Pode evoluir para quadros
sistêmicos, como artrite gonocócica, síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, além de
complicações cardíacas e nervosas.
Foto2: infecção
em homens.
Fonte: Tadeushevich,
2015.
· Gonorréia na mulher: ocasionalmente
a infecção genital primária ocorre na endocérvice, porém pode-se encontrar a Neisseria gonorrhoeae na uretra e reto
feminino. O maior percentual das mulheres infectadas é sintomática, entretanto,
muitas apresentam quadros assintomáticos ou sintomatologia leve que não incita
preocupação e procura de assistência médica.
Os sintomas mais recorrentes são cervicite, uretrite,
corrimento vaginal, disúria e sangramento intermenstrual, que podem ser
acompanhados de dor abdominal ou pélvica.
O período de incubação da gonorreia
na mulher é mais variável que no homem, porém em casos sintomáticos este
período pode ser de 10 dias.
Foto3: infecção
em mulheres.
Fonte: Tadeushevich,
2015.
· Gonorréia em gestantes: acarreta
em risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro e mortalidade fetal
perinatal. As manifestações clínicas não se alteram durante a gravidez.
· Gonorréia em neonatos: mães
infectadas podem transmitir verticalmente para o concepto intrauterino durante
o parto ou no período pós parto, sendo que a conjuntivite gonocócica a manifestação
mais comumente reconhecida e que pode desencadear cegueira. Como método profilático
utiliza-se nitrato de prata 1% no saco conjuntival logo após o parto, porém
pode promover falências ocasionais.
Diagnóstico
O diagnóstico laboratorial é
realizado pela identificação da Neisseria
gonorrhoeae no local infectado, sendo o isolamento em cultura o método
padrão e em caso de inacessibilidade ao laboratório podem-se utilizar outras
técnicas como a PCR (reação em cadeia da polimerase) que apresenta maior sensibilidade
que o método convencional, porém apresenta experiência clínica limitada.
Tratamento
Ceftriaxona 250mg IM,
cefixime 400mg VO, ciprofloxacina 500mg VO ou ofloxacina 400mg VO, sendo todos
administrados em dose única, ressaltando-se que Ciprofloxacina e ofloxacina
devem ser evitadas em gestantes e não apresentam atividades contra a sífilis,
não abortando a sífilis em incubação.
Resistência
ao tratamento
Segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde) o tratamento conhecido contra a gonorreia tem se mostrado
ineficiente devido resistência a antibióticos. Para o ciprofloxacina a
inatividade é relatada em 97% dos países avaliados pela OMS e atualmente apenas
o ESC (escitalopram) é considerado efetivo.
Cerca de 78 milhões de
pessoas são infectadas pela doença por ano, de acordo com a entidade em uma
avaliação de 77 países, sendo que em três casos constatados na França, Espanha
e Japão, não houve cura.
A ausência do uso de
preservativo nas relações sexuais, principalmente na prática oral, auxilia
tanto na disseminação quanto na tolerância da doença ao tratamento. Esta IST
(infecção sexualmente transmissível) pode acometer a genitália, reto e
garganta, sendo esta ultima a mais preocupante, pois ocasiona desconforto
sintomático semelhante a infecções de garganta casuais, e o tratamento
utilizado nesta circunstância apresenta dosagem menor que a administrada em
quadros de gonorreia, o que viabiliza seu potencial infectante.
Nos últimos 15 anos a
terapia precisou ser alterada três vezes e atualmente há a necessidade do
desenvolvimento de vacinas para interromper a sua dispersão.
Referências
Bibliográficas
APARICIO, D. Advierten
sobre gonorrea incurable. Disponível em <http://mediavisiontv.mx/advierten-gonorrea-incurable/>.
Acesso em 06 de Out. de 2017.
ESTRATÉGIA E SAÚDE DA FAMÍLIA – ESF. Dúvidas frequentes. Disponível em < http://www.estrategiasaudedafamilia.com.br/duvidas-frequentes-ists-aids
>. Acesso em 06 de Out. de 2017.
GALLAGHER, J. Sexo
oral e relações sem camisinha estão disseminando supergonorreia, diz OMS.
Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/geral-40529570>. Acesso em
06 de Out de 2017.
PENNA, G; HAJJAR, L; BRAZ, T. Gonorréia. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v33n5/3125.pdf>.
Acesso em 06 de Out. de 2017.
TADEUSHEVICH, I. Gonorreia
em homens: sintomas e tratamento. Disponível em < http://okeydocs.com/pt/pages/675274>.
Acesso em 06 de Out. de 2017.
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