Os brasileiros são os que mais usam preservativo na
primeira experiência sexual, de acordo com a pesquisa “Durex Global Face of
Sex”, que ouviu mais de 30 mil pessoas de 37 países. O levantamento diz que 66%
dos brasileiros afirmam ter usado camisinha na primeira vez. Esse foi o índice
mais alto de proteção encontrado nos países envolvidos no estudo promovido pela
fabricante de preservativos Durex.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 39,6% dos
entrevistados afirmaram ter usado camisinha na primeira vez.
"Comparativamente com outros povos, o brasileiro
usa mais preservativo, mas o número está aquém do desejado”, diz a médica
Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
A pesquisa - cujos resultados foram comentados durante
o 21º Congresso da Associação Mundial de Saúde Sexual, que aconteceu em Porto
Alegre, na semana passada - concluiu também que, entre os que se protegem
durante a primeira vez, existe uma chance três vezes maior de continuar usando
camisinha ao longo da vida sexual.
Para o levantamento, foram entrevistados 1004
brasileiros de 18 a 64 anos, 54% dos quais eram homens e 46%, mulheres. “O fato
de a pessoa já ter iniciado a vida sexual utilizando o preservativo significa
que ela já foi alertada, devidamente orientada e que está ciente de que precisa
se proteger”, diz Carmita.
Educação
sexual
A pesquisa também apontou que a educação sexual tem um
papel importante no estímulo ao uso de camisinha. Dados mostram que os
participantes que nunca tiveram educação sexual apresentam uma probabilidade
47,1% menor de terem usado camisinha na primeira experiência sexual.
Segundo Carmita, o fato de o Brasil ter o maior índice
de proteção na primeira vez coincide com o fato de o país iniciar a educação
sexual mais cedo, entre os países abordados pela pesquisa. Enquanto o
adolescente brasileiro de 13 anos já começa a ter educação sexual, em outros
países, a média é que esse tipo de instrução se inicie aos 14 anos.
“Essa é uma coincidência interessante. Mas mesmo 13
anos não é uma idade tão favorável. No Brasil, quando se começa a educar,
muitos já iniciaram a vida sexual sem ter a oportunidade de ter essa
orientação.”, diz. Dos 37 países que participaram do estudo, o Brasil tem a
menor média de idade de início da vida sexual: 17,3 anos. Nos Estados Unidos,
por exemplo, a média é de 18,4 anos.
Ainda que a educação sexual esteja estabelecida nos
currículos escolares, na prática, esse ensino nem sempre é adequado, segundo a
médica. “O professor se vê com uma tarefa muito difícil especialmente porque
ele próprio não teve educação sexual e não teve preparo para a disciplina que
deve ministrar. Falta tranquilidade para falar do assunto de forma direta, sem
preconceito e podendo responder às perguntas com base no conhecimento”.
Os pais não se sentem confortáveis e nem totalmente
informados para proporcionar uma educação sexual para os filhos. “Eles esperam
que escola supra essa necessidade”, observa Carmita. De acordo com a pesquisa
“Mosaico Brasil”, estudo coordenado por Carmita em 2008 sobre o comportamento
sexual do brasileiro que entrevistou 8.200 pessoas, 40% dos brasileiros não
praticam ou não consideram válida a educação sexual em família.
Menos
DSTs
Quem usou camisinha na primeira vez teve ainda uma
probabilidade “significantemente menor” de ter uma doença sexualmente
transmissível ou uma gravidez não planejada ao longo da vida, de acordo com o
levantamento internacional.
Uma primeira vez não planejada também diminui a chance
do uso de preservativo: segundo o estudo, quem não planejou a experiência
apresentou uma probabilidade 28,7% menor de ter recorrido à proteção.
O perfil do indivíduo com maior probabilidade de
utilizar preservativo em sua primeira experiência sexual, segundo o estudo, é
aquele vindo de uma família de renda média ou alta, que é estudante, que está
em um relacionamento (mas não casado), que planejou a relação sexual e que
recebeu educação sexual.
Apesar de o Brasil ter tido resultados positivos em
relação a outros países, ainda há muito trabalho a ser feito, segundo Carmita.
“O desejado é que todas as pessoas que estivessem fazendo sexo de forma
múltipla ou de forma não exclusiva utilizassem preservativo em todas as
relações”.
Fonte: Bem Estar
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