Os medicamentos utilizados para a disfunção erétil
e a reposição hormonal ajudam no desempenho sexual principalmente para pessoas
acima de 50 anos. É justamente a partir dessa idade que as pessoas estão mais
vulneráveis a contrair Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Segundo uma pesquisa feita pela Secretaria
de Estado da Saúde (SES), o número de casos de DST/Aids nessa faixa etária
aumentou 10% nos últimos cinco anos.
Dos 3.340 casos em Sergipe, 347 são de pessoas
infectadas pelo HIV nessa faixa etária. A pesquisa aponta que a sensação de
invulnerabilidade e o mito de que o idoso é assexuado são responsáveis por esse
dado alarmante. Com a falta do hábito de ir ao médico com frequência para exames
de rotina e diagnóstico precoce, os casos em homens somam 247. A quantidade de
infecções nas mulheres também aumentou e já chega a 100. Para muitas delas, a
vida sexual encerra quando ficam viúvas ou se separam dos seus parceiros.
A falta de diálogo sobre sexo entre os mais velhos
é uma barreira que atrapalha o combate do avanço da DST/Aids. A comerciante
Ineide Santos, 58 anos, confirma essa afirmativa. “Sou separada há 22 anos e
nem sei o que falar sobre o uso desses métodos preventivos”, afirma.
A educação rígida, na maioria dos casos, tornou a
sexualidade um assunto velado, cheio de mitos e preconceitos. “Meus pais nunca
falaram comigo sobre isso e nem eu conversei com nenhuma das minhas três filhas
por vergonha. Hoje em dia o que elas têm que saber a televisão e a escola
ensinam. A única coisa que eu fiz foi pedir para elas terem juízo e não fazer
nada de errado”, revela a comerciante Maria dos Santos, 63 anos.
De acordo com José Almir Santana, gerente do
Programa Estadual de DST/Aids, até os próprios médicos não questionam sobre a
vida sexual dos pacientes durante a consulta e nem dão orientações.
“O idoso não tinha o hábito de usar camisinha na
juventude porque a iniciação sexual dele foi anterior à divulgação desse tipo
de preservativo. Estudos do Ministério da Saúde revelam que a chance do
idoso usar métodos preventivos é cinco vezes menor do que entre a população
jovem”, destaca Almir. Segundo ele, uma equipe da SES vai às reuniões de grupos
de idosos para levar a orientação e estimular o uso de preservativos femininos,
masculinos e gel lubrificante.
O aposentado Everaldo de Araújo Silva, 69 anos,
acredita que entre casais que têm uma relação estável a incidência do uso do
preservativo é ainda menor. “Quando temos um compromisso com uma pessoa temos
mais cuidados. Uma dessas responsabilidades é a fidelidade e isso diminui as
chances de contrair doenças através do sexo, por isso o uso do preservativo
acaba não se tornando tanto uma obrigação como em relações passageiras”, opina.
A incidência de infecção do HIV na faixa de 50 a 59
anos representa 76% do total de registros de AIDS em pessoas com mais de 50
anos. São 265 casos, dos quais 184 são homens e 81 em mulheres. Entre 60 e 69
anos são 70 casos e entre 70 e 79 anos, o número de pessoas infectadas soma
nove entre homens e três em mulheres.
“Eu acho que todo mundo deve usar camisinha porque
tudo é muito incerto. Não dá para saber quem tem a doença só em olhar para a
cara dela. A discussão sobre esse assunto ainda é um tabu que precisa ser
quebrado”, reforça o aposentado José Mariano de Melo Barbosa, que é casado.
Júcia Valeriano Santos, 65 anos, orienta os filhos
sobre o uso de métodos preventivos. “É importante que as pessoas de todas as
idades usem o preservativo porque você sabe da sua saúde, mas não sabe a
trajetória e hábitos dos outros”, orienta.
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