Cientistas obtiveram um grande avanço na luta contra a AIDS. Um comprimido já utilizado no tratamento da doença se revelou como uma poderosa arma na proteção da saúde de homens homessexuais contra a infecção pelo vírus HIV, apontou estudo.
O
medicamento, chamado Truvada (emtricitabine/tenofovir), que já foi aprovado pela
FDA (Food and Drug Administration –
EUA) no tratamento da AIDS em pacientes infectados, funciona diminuindo a carga
viral que circula na corrente sanguínea. Porém, ensaios clínicos mostram que o
mesmo medicamento pode proteger pessoas não infectadas, com alto risco de
adquirirem o vírus, se a droga for tomada diariamente antes e depois da
exposição ao vírus.
A aprovação
do medicamento na utilização preventiva é controvérsia. Pesquisadores e
especialistas em saúde pública temem que o comprimido dê uma falsa sensação de
segurança e encoraje a não utilização de camisinha e outras formas de proteção,
porém, segundo estudos, o oposto ocorreu – o sexo desprotegido diminuiu. A
própria FDA determinou que com os benefícios trazidos pelo Truvada na prevenção,
vale a pena a aprovação do medicamento para esta finalidade.
Médicos
envolvidos no estudo afirmam que os resultados mostrados até agora indicam um
grande avanço nas pesquisas sobre prevenção da AIDS. Estes especialistas
relatam ainda que a utilização do medicamento na prevenção da doença pode inibir
a epidemia que há entre homens gays. Mas alertam que esta prevenção pode não
ser aplicável a indivíduos expostos ao HIV através de sexo entre homem e
mulher, pelo uso de drogas ou por outras formas de exposição. Estudos com estes
grupos estão em desenvolvimento ainda.
Na prática, o
preço do medicamento pode limitar o seu uso. Os comprimidos custam de 5000 a
14000 dólares por ano nos EUA, mas somente 30 centavos por dia em alguns países
pobres, onde são vendidos na forma genérica. Análises do custo-efetividade
devem ser realizadas para avaliar se convênios ou programas do governo devem pagar
por eles.
O estudo
envolveu 2500 homens em alto risco de infecção pelo HIV no Peru, Equador,
Brasil, África do Sul, Tailândia e Estados Unidos. Os países subdesenvolvidos
foram escolhidos por causa dos altos índices de infecção pelo HIV e pela
população diversificada. Mais de 40% dos participantes já aceitaram dinheiro
por sexo pelo menos uma vez. No início do estudo, cada participante tinha 18
parceiros em média; houve redução para cerca de 6 ao fim.
Foram
admistrados Truvada ou comprimidos placebo aos homens. Todos fizeram testes de
HIV, receberam comprimidos e aconselhamento mensalmente. A cada 6 meses, testes
para outras doenças infecciosas foram realizados e tratamento dado quando
necessário. Após pouco mais de um ano, havia 64 infecções entre os 1248 homens
que receberam o placebo e, somente 36 entre os que receberam Truvada.
Entre homens
que receberam o medicamento pelo menos por metade do tempo, o risco caiu 50%,
enquanto os que receberam por 90% do tempo ou mais tiveram o risco reduziu em
73%. Os efeitos colaterais observados foram praticamente os mesmos para o
placebo e Truvada, sendo considerados leves.
Pesquisadores
responsáveis pelo estudo afirmam que se o medicamento for aprovado para prevenção
da doença, não será hora de homens gays e bissexuais descartarem suas
camisinhas. Esta forma de proteção deve continuar sendo a primeira linha na
defesa contra o vírus, já que além de prevenir doenças sexualmente
transmissíveis, ela também previne uma gravidez indesejável.
Fontes:
- http://thegrio.com/2010/11/23/aids-pill-helps-gay-men-avoid-hiv-infection-study-says/
- http://start.truvada.com/
- http://healthland.time.com/2012/07/17/truvada-5-things-to-know-about-the-first-drug-to-prevent-hiv/
- http://healthland.time.com/2011/12/01/treatment-as-prevention-how-the-new-way-to-control-hiv-came-to-be/
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