Uso da camisinha

Um estudo divulgado esta semana pela Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo revela que 42% dos jovens homossexuais nem sempre utilizam camisinha durante o sexo. Ter um parceiro fixo é o principal motivo apontado pelos entrevistados para eles não se prevenirem. Apesar de quase 90% dos entrevistados considerarem que o público de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT) está mais vulnerável a doenças sexualmente transmissíveis, a grande maioria ainda não usa preservativos nas relações sexuais. Mais de 30% dos adolescentes do sexo masculino também já tiveram mais de 10 parceiros sexuais.


Os dados foram coletados pelos profissionais da Casa do Adolescente (unidade da secretaria que oferece atendimento multidisciplinar a jovens) durante a Parada LGBT 2014 que ocorreu na capital. Para a pesquisa foram ouvidos 108 jovens, entre 10 e 24 anos, de ambos os sexos biológicos que se consideram gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.


Na opinião da médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa Estadual de Saúde do Adolescente, o resultado da pesquisa é preocupante, por isso é necessário reforçar medidas de prevenção para esse grupo. Não falta informação, mas é preciso mudar os hábitos. Ela diz que muitas vezes a família e a escola estão mais preocupadas em discutir a descoberta da orientação sexual e se esquecem de ensinar atitudes concretas, voltadas à prevenção de doenças. “Os jovens heterossexuais ainda não acreditam que é possível engravidar numa primeira relação. Já os homossexuais não acreditam que numa primeira relação seja possível se contaminar com doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, como o HIV demora para se manifestar e nem sempre os sintomas são perceptíveis, a pessoa pensa que não se contaminou. O ‘nem sempre’ usar preservativos poder ser fatal, pois basta uma única relação sem proteção para se contaminar”, diz ela.

Entre o público do sexo feminino, 43% afirmou nunca usar preservativos nas relações sexuais, enquanto entre as pessoas do sexo masculino esse percentual foi de 3,3%. Entre as mulheres, a principal justificativa para não usar o preservativo é que elas acreditam que sexo entre mulheres não necessita desse tipo de prevenção. “Isso é um erro, pois o sexo oral, algumas manipulações ou às vezes até um corrimento que uma das parceiras possa ter pode transmitir doenças, como candidíase e HPV, que é extremamente comum. Infelizmente, o uso do preservativo feminino é uma prática nem sequer discutida entre elas. Como elas não engravidam, pensam que não precisam se prevenir”, completa.

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