No encontro
anual da Endocrine Society (Sociedade de Endocrinologia dos Estados Unidos),
uma pesquisa em específico foi muito aguardada e chamou muita atenção: um
anticoncepcional hormonal masculino, com uso muito semelhante ao do
anticoncepcional oral feminino, completou recentemente 30 dias de testes
clínicos. A substância presente no medicamento é o undecanoato de nandrolona,
mas seu nome foi simplificado para DMAU, sua sigla em inglês.
O
estudo foi desenvolvido pelo instituto Nacional de Saúde dos EUA e contou inicialmente
com 100 voluntários, sendo todo eles homens saudáveis de 18 a 50 anos. Destes,
17 desistiram de sua participação ao longo do estudo, de forma que 83 homens
chegaram ao fim dos testes. Durante um mês, os voluntários, divididos em
grupos, receberam doses diferentes do medicamento, e alguns receberam placebo -
pílulas sem substâncias medicamentosas. Após 28 dias, os voluntários que
receberam a dose mais alta de DMAU – 400mg – demonstraram baixos níveis de todos
os hormônios necessários à produção de esperma, como a testosterona, o que é um
indicativo da eficácia do medicamento. De acordo com os autores do estudo, “Apesar
de terem níveis baixos de testosterona circulando [no sangue], pouquíssimos
participantes relataram sintomas de deficiência ou excesso do hormônio”. Os
testes também demonstraram, ao menos em um primeiro momento, que o medicamento
é seguro: não houve prejuízo a órgãos vitais, como fígado e rins, os quais
foram acompanhados ao longo do processo. Também não foram relatadas ocorrências
de diminuição da libido. Como efeitos colaterais, encontrou-se apenas uma
pequena redução do HDL – “colesterol bom” – e discreto ganho de peso.
Os
efeitos colaterais discretos são uma grande vantagem do DMAU em relação a outro
possível anticoncepcional masculino que apareceu em 2016, mas que posteriormente
teve os testes suspensos. Este outro medicamento consistia em uma injeção
contendo testosterona sintética e enantato de noretisterona, um derivado de
progesterona e o estrogênio. Apesar de parecer promissor, tendo demonstrado 96%
de eficácia em prevenir a gravidez, os voluntários do estudo manifestaram
sintomas indesejados. Alguns dos sintomas são aqueles já conhecidos pelas
mulheres que fazem uso da pílula: acne, mudanças na libido e transtornos de
humor. No entanto, o efeito mais alarmante, que determinou o fim dos testes, foi
a diminuição da contagem de espermatozoides de alguns voluntários do estudo, a
qual continuava baixa, indicando infertilidade, mesmo após dois meses sem tomar
a medicação.
Apesar
das grandes expectativas em torno do DMAU, testes mais longos e com maior
número de voluntários precisam ser realizados para avaliar a existência de
efeitos colaterais indesejáveis a médio e longo prazo, bem como para avaliar
qual o tempo necessário para que a fertilidade seja completamente recuperada
após o homem parar de ingerir o medicamento.
REFERÊNCIAS
RUPRECHT, Theo. Novo
anticoncepcional masculino se sai bem em estudo. Agora vai?. Disponível em:
<https://saude.abril.com.br/medicina/novo-anticoncepcional-masculino-se-sai-bem-em-estudo-agora-vai/>.
Acesso em: 09 Abril 2018.
LEONARDI, Ana Carolina. Anticoncepcional masculino tem
sucesso no 1º mês de testes. Disponível em: <https://super.abril.com.br/saude/anticoncepcional-masculino-tem-sucesso-no-1o-mes-de-testes/>.
Acesso em: 09 Abril 2018.
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