Circuncisão masculina e o HIV/AIDS


A circuncisão, prática realizada há séculos em diversos países, na maioria das vezes por imposição religiosa, nada mais é que uma operação para remoção do prepúcio, pele que recobre a glande do pênis.


Primeiras evidências sobre a relação da circuncisão no combate à AIDS surgiram nos anos 1980. Alguns médicos observaram que a prevalência da infecção pelo HIV, na Ásia e na África, parecia mais baixa, em regiões onde esta prática era adotada por questões religiosas. Só em 2002, foi realizado o primeiro trabalho criterioso, por um estudioso da Universidade de Versalhes, para comparar a prevalência do HIV entre homens submetidos ou não à circuncisão, em Orange Farm, na África do Sul, comunidade com grande número de casos de AIDS.
Após doze meses, resultados indicaram que houve 60% de proteção entre homens heterossexuais operados. Foi quando o comitê de segurança do estudo decidiu interromper o acompanhamento e oferecer a circuncisão para todos os participantes.
Em 2011, o UNAIDS, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS saudou novos dados que fornecem mais provas de que a circuncisão masculina é eficaz na prevenção do HIV. O estudo, realizado também na África do Sul, mostrou uma redução de 55% na prevalência do HIV e uma redução de 76% na incidência do HIV nos homens operados.
“A ciência está provando que estamos no ponto de inflexão da epidemia”, disse o Diretor Executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Ações urgentes são necessárias agora para fechar a lacuna entre a ciência e a implementação para alcançar milhões de pessoas que estão esperando por essas descobertas.”
Com os resultados positivos, houve um aumento da prática em diversos países. Muitos países africanos apoiam fortemente o aumento da circuncisão masculina. O Quênia proporcionou a circuncisão voluntária para 290 mil homens em apenas três anos, assumindo a liderança. Os Governos da Tanzânia e Suazilândia lançaram planos para oferecimento de circuncisão médica masculina voluntária e o número de operações também foi bastante elevado.
Acredita-se que a pele que recobre a glande cria um espaço que funciona como reservatório para o HIV (e outros germes) e assegura contato prolongado do vírus com as mucosas, facilitando seu acesso à corrente sanguínea. Assim, o mecanismos de proteção se dá com a remoção desta pele.
Saudando estes resultados e outras descobertas recentes, o UNAIDS ressaltou que ainda não há um método único de proteção total contra o HIV.
“Para atingir o objetivo de zero novas infecções pelo HIV, o UNAIDS recomenda fortemente uma combinação de métodos preventivos do HIV. Estas incluem o uso correto e consistente de preservativos masculinos e femininos, esperar mais tempo antes de fazer sexo pela primeira vez, ter menos parceiros, a circuncisão médica masculina e garantir que o máximo de pessoas possível com necessidade de terapia antiretroviral tenham acesso a esta”, destacou a agência. 
Além da proteção contra o HIV, homens circuncidados apresentam menos infecções pelos papilomavírus, pelo treponema da sífilis e pelos vírus do herpes genital. É importante considerar que para não haver complicações devido à prática invasiva, o procedimento deve ser realizado por pessoas preparadas, em locais adequados e com boas condições de higiene.

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