Segundo um estudo da Escola de Medicina da Universidade de Stanford em conjunto com o Hospital Infantil Lucile Packard, ambos nos Estados Unidos, os médicos que estão se especializando em pediatria não estão adequadamente treinados para prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis em adolescentes e desconhecem a lei de tratamento dos parceiros sexuais.
“Ao menos que você trate o parceiro, seu paciente será sempre infectado novamente. Chamamos isso de ‘efeito ping-pong”, explicou Dr. Neville Gold, especialista em saúde infantil e professor da Universidade de Stanford. Segundo o estudo, depois de tomar antibióticos, 40 % dos adolescentes apresentam a mesma infecção em menos de um ano e, metade das DSTs registradas no Estados Unidos acontecem em pessoas menores de 18 anos.
Uma lei norte-americana, que foi introduzida na Califórnia em 2001 e adotada em outros 30 estados, permite aos médicos prescreverem antibióticos para os parceiros sexuais de pacientes diagnosticados com gonorreia ou clamídia sem vê-los. Antes desta data, outra lei permitia que o governo entrasse em contato com os parceiros sexuais das pessoas infectadas para realizar exames e tratamentos, no entanto, muitos órgãos não têm recursos suficientes para realizar amplamente este trabalho. Por isso, a lei tem mostrado resultados efetivos, especialmente nos casos em que os parceiros dificilmente concordariam em ir ao médico.
Sendo assim, o estudo analisou 289 residentes em pediatria em 14 das 17 instituições que oferecem este treinamento na Califórnia. Eles responderam a um questionário sobre os conhecimentos da lei de tratamento do parceiro, sua familiaridade com o tema e o conforto em abordar o assunto no consultório. Os resultados apontaram que 83% dos entrevistados que diagnosticaram um paciente com DST, somente 52% usaram as técnicas de tratar o parceiro à distância; 70% afirmaram desconhecer que o estado da Califórnia autorizava este tipo de tratamento para gonorreia e clamídia; 87% disseram que não estavam familiarizados com o assunto por isso não ofereciam a opção aos pacientes e 24% contaram nunca ter ouvido falar da lei.
Os resultados mostram ainda que pediatras experientes também não têm familiaridade com esta opção. “Você aprende com seus mentores. Isto significa que muitos professores não conhecem os efeitos desta lei”, declarou Dra. Anne Hsii, responsável pela pesquisa. Ela disse ainda que isto requer uma maior rede de educação entre os médicos para a divulgação de opções como esta.
Dr. Golden analisou também que a melhor maneira de tratar DSTs na adolescência é evitar que os jovens sejam infectados. Ele encoraja os pais a conversarem com os filhos sobre saúde sexual. “Se os pais puderem conversar com os filhos sobre como se proteger contra transmissões de doenças sexuais, seria muito útil e, obviamente, usar preservativo é a melhor maneira de evitar as doenças”, explicou.
Mas, mesmo com este apoio dos pais, é obrigação do pediatria conversar com o paciente e assegurar que ele entenda os riscos que corre, por isso deve sugerir um momento a sós de conversa sem que os pais estejam no consultório. “A melhor pessoa para conversar com exceção dos pais, é com certeza, o pediatra”, concluiu.
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