Poder
público investe cerca de R$ 172 milhões apenas com a aquisição de testes
rápidos e preservativos masculinos e femininos. E, nesta data, convida
sociedade civil a juntar-se em uma mobilização nacional pela ampliação do
acesso ao diagnóstico no país
A sífilis é uma doença milenar
e persistente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sífilis atinge
mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e sua erradicação continua a
desafiar a saúde pública. A sífilis, e em particular a sífilis congênita, não é
somente passível de controle e eliminação, como os custos de tal empreitada são
irrisórios, se considerarmos os recursos de saúde pública que se encontram ao
nosso alcance. Estima-se que o custo da detecção dos casos de sífilis não
ultrapasse R$ 2,8 (US$ 1,4) e o do tratamento das mulheres gestantes, R$ 58 (em
média, US$ 29), per capita. Investimento que representa não só o resgate de uma
dívida histórica, mas também uma imensa economia ao longo do tempo, se
considerarmos os danos evitáveis causados por essa doença. A sífilis cresce no
mundo todo e é um importante marcador epidemiológico, servindo como alerta para
a investigação de outras doenças de transmissão sexual, principalmente o
HIV/aids.
Embora esteja ao alcançável, o
efetivo controle e eliminação da sífilis dependem, em grande parte, da vontade
política dos gestores locais para colocarem em prática um movimento em prol do
aprimoramento da atenção à gestante durante o pré-natal. Esse esforço implica
promover larga mobilização nacional para ampliação do acesso ao diagnóstico,
estabelecer parcerias com a comunidade - sobretudo com as redes do movimento
popular de mulheres e dos ativistas da luta contra a aids - e,
fundamentalmente, quebrar o tabu do uso da penicilina na atenção básica.
A (OMS) estima a incidência
anual de sífilis em cerca de 714 mil casos, em uma perspectiva mais
conservadora, e de até 1,6 milhões de casos de sífilis congênita em todo o
mundo.
Esse movimento pressupõe
também a adequada atenção à saúde do homem, ampliando o acesso deste ao
diagnóstico, ao tratamento de forma integral e às medidas de prevenção,
vinculando-o aos serviços de saúde da família. Todos nós sabemos que a grande
maioria dos homens só procura os serviços de saúde quando se encontram muito
doentes - uma cultura que precisa ser revertida - e que, em se tratando de
doenças sexualmente transmissíveis, persistem mitos relacionados à
automedicação e aos valores de uma sociedade machista.
Lembramos que o controle da
sífilis é uma das metas do Pacto pela Saúde e do atual Programa de Governo, no
âmbito das ações que integram a Rede Cegonha, e recebe na atual gestão especial
atenção, sobretudo na atenção básica e na vigilância em saúde, instâncias em
que as ações de prevenção, diagnóstico e controle têm início. É na rede básica
de atenção à saúde que as mulheres são atendidas diariamente. O investimento do
Governo alcança algo em torno de R$ 172 milhões apenas com a aquisição de
testes rápidos e preservativos masculinos e femininos. Em 2011, foram
realizados no SUS 7,2 milhões de testes tradicional (VDRL), sendo que, destes,
35% se destinaram a atender as gestantes.
As metas da OMS, projetam a
eliminação da sífilis congênita até 2015. O estabelecimento da Rede Cegonha
pelo Ministério da Saúde proporciona, entre outras ações, a implementação da
triagem na gestação, com a utilização de testes rápidos para sífilis na atenção
básica e durante o pré-natal. Esse processo está em andamento, com o
treinamento de multiplicadores para execução da testagem e aconselhamento nos
estados e municípios.
Tal medida ampliará o acesso
das gestantes ao diagnóstico oportuno, permitindo que o tratamento da gestante
e de seu parceiro previna a transmissão vertical da sífilis. Esse é um passo
fundamental para a resposta articulada entre Governo Federal, Estados e
Municípios rumo à eliminação da sífilis congênita em 2015.
No dia 20 de outubro, Dia Nacional de Combate à Sífilis convidamos os
agentes de saúde, os gestores do sistema de saúde, os movimentos populares e a
rede que congrega o movimento de mulheres a juntarem-se em uma grande
mobilização nacional pela ampliação do acesso ao diagnóstico no país, iniciando
uma força-tarefa para juntos vencermos a sífilis e eliminarmos a sífilis
congênita em nosso país.
O que é a Sífilis
É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Podem se
manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras
fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não
apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.
Sífilis congênita
É a transmissão da doença de mãe para filho. A infecção é grave e
pode causar má-formação do feto, aborto ou morte do bebê, quando este nasce
gravemente doente. Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis
durante o pré-natal e, quando o resultado é positivo, tratar corretamente a
mulher e seu parceiro. Só assim se consegue evitar a transmissão da doença.
Sintomas
Os
sintomas variam conforme o estágio da doença e também de acordo com o paciente.
Em alguns casos, os sinais passam despercebidos e a pessoa só descobre que tem
a doença quando faz um exame de sangue. No estágio inicial, o sintoma
característico é o surgimento de uma (ou mais) ferida indolor e altamente
contagiosa, com bordas elevadas, denominada cancro. A ferida surge no lugar em
que houve a infecção, normalmente cerca de três semanas depois do contato com a
bactéria.
O
cancro pode ficar dentro da boca e dos órgãos sexuais e por isso, não são
notados. Nessa fase há possibilidade de cura. Num estágio mais avançado, a
sífilis pode apresentar vários sintomas, que aparecem semanas ou até meses
depois do surgimento da ferida. A maioria das pessoas apresenta uma erupção de
pele que não coça, principalmente na sola do pé e na palma da mão, mas às vezes
em outros lugares do corpo. Sem tratamento, os sintomas costumam ir embora em
alguns meses, mas a doença permanece ativa, pois a bactéria continua se
multiplicando nessa fase latente. No último estágio, a doença pode provocar
anormalidades cardíacas, lesões nos ossos, na pele e em vários órgãos. Cerca de
20% dos doentes nesse estágio apresentam a neurossífilis, ou seja, o sistema
nervoso é afetado pela doença. Nos estágios finais, ela pode causar convulsões,
cegueira, surdez, demência, problemas na medula espinhal e a morte.
0 comentários:
Postar um comentário