Dia Nacional de Combate à Sífilis: governo e sociedade civil juntos rumo à eliminação até 2015

Poder público investe cerca de R$ 172 milhões apenas com a aquisição de testes rápidos e preservativos masculinos e femininos. E, nesta data, convida sociedade civil a juntar-se em uma mobilização nacional pela ampliação do acesso ao diagnóstico no país

A sífilis é uma doença milenar e persistente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sífilis atinge mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo e sua erradicação continua a desafiar a saúde pública. A sífilis, e em particular a sífilis congênita, não é somente passível de controle e eliminação, como os custos de tal empreitada são irrisórios, se considerarmos os recursos de saúde pública que se encontram ao nosso alcance. Estima-se que o custo da detecção dos casos de sífilis não ultrapasse R$ 2,8 (US$ 1,4) e o do tratamento das mulheres gestantes, R$ 58 (em média, US$ 29), per capita. Investimento que representa não só o resgate de uma dívida histórica, mas também uma imensa economia ao longo do tempo, se considerarmos os danos evitáveis causados por essa doença. A sífilis cresce no mundo todo e é um importante marcador epidemiológico, servindo como alerta para a investigação de outras doenças de transmissão sexual, principalmente o HIV/aids.
Embora esteja ao alcançável, o efetivo controle e eliminação da sífilis dependem, em grande parte, da vontade política dos gestores locais para colocarem em prática um movimento em prol do aprimoramento da atenção à gestante durante o pré-natal. Esse esforço implica promover larga mobilização nacional para ampliação do acesso ao diagnóstico, estabelecer parcerias com a comunidade - sobretudo com as redes do movimento popular de mulheres e dos ativistas da luta contra a aids - e, fundamentalmente, quebrar o tabu do uso da penicilina na atenção básica.
A (OMS) estima a incidência anual de sífilis em cerca de 714 mil casos, em uma perspectiva mais conservadora, e de até 1,6 milhões de casos de sífilis congênita em todo o mundo.
Esse movimento pressupõe também a adequada atenção à saúde do homem, ampliando o acesso deste ao diagnóstico, ao tratamento de forma integral e às medidas de prevenção, vinculando-o aos serviços de saúde da família. Todos nós sabemos que a grande maioria dos homens só procura os serviços de saúde quando se encontram muito doentes - uma cultura que precisa ser revertida - e que, em se tratando de doenças sexualmente transmissíveis, persistem mitos relacionados à automedicação e aos valores de uma sociedade machista.
Lembramos que o controle da sífilis é uma das metas do Pacto pela Saúde e do atual Programa de Governo, no âmbito das ações que integram a Rede Cegonha, e recebe na atual gestão especial atenção, sobretudo na atenção básica e na vigilância em saúde, instâncias em que as ações de prevenção, diagnóstico e controle têm início. É na rede básica de atenção à saúde que as mulheres são atendidas diariamente. O investimento do Governo alcança algo em torno de R$ 172 milhões apenas com a aquisição de testes rápidos e preservativos masculinos e femininos. Em 2011, foram realizados no SUS 7,2 milhões de testes tradicional (VDRL), sendo que, destes, 35% se destinaram a atender as gestantes.
As metas da OMS, projetam a eliminação da sífilis congênita até 2015. O estabelecimento da Rede Cegonha pelo Ministério da Saúde proporciona, entre outras ações, a implementação da triagem na gestação, com a utilização de testes rápidos para sífilis na atenção básica e durante o pré-natal. Esse processo está em andamento, com o treinamento de multiplicadores para execução da testagem e aconselhamento nos estados e municípios.
Tal medida ampliará o acesso das gestantes ao diagnóstico oportuno, permitindo que o tratamento da gestante e de seu parceiro previna a transmissão vertical da sífilis. Esse é um passo fundamental para a resposta articulada entre Governo Federal, Estados e Municípios rumo à eliminação da sífilis congênita em 2015.
No dia 20 de outubro, Dia Nacional de Combate à Sífilis convidamos os agentes de saúde, os gestores do sistema de saúde, os movimentos populares e a rede que congrega o movimento de mulheres a juntarem-se em uma grande mobilização nacional pela ampliação do acesso ao diagnóstico no país, iniciando uma força-tarefa para juntos vencermos a sífilis e eliminarmos a sífilis congênita em nosso país.



O que é a Sífilis

É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Podem se manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.

Sífilis congênita

É a transmissão da doença de mãe para filho. A infecção é grave e pode causar má-formação do feto, aborto ou morte do bebê, quando este nasce gravemente doente. Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado é positivo, tratar corretamente a mulher e seu parceiro. Só assim se consegue evitar a transmissão da doença.

Sintomas
Os sintomas variam conforme o estágio da doença e também de acordo com o paciente. Em alguns casos, os sinais passam despercebidos e a pessoa só descobre que tem a doença quando faz um exame de sangue. No estágio inicial, o sintoma característico é o surgimento de uma (ou mais) ferida indolor e altamente contagiosa, com bordas elevadas, denominada cancro. A ferida surge no lugar em que houve a infecção, normalmente cerca de três semanas depois do contato com a bactéria.
O cancro pode ficar dentro da boca e dos órgãos sexuais e por isso, não são notados. Nessa fase há possibilidade de cura. Num estágio mais avançado, a sífilis pode apresentar vários sintomas, que aparecem semanas ou até meses depois do surgimento da ferida. A maioria das pessoas apresenta uma erupção de pele que não coça, principalmente na sola do pé e na palma da mão, mas às vezes em outros lugares do corpo. Sem tratamento, os sintomas costumam ir embora em alguns meses, mas a doença permanece ativa, pois a bactéria continua se multiplicando nessa fase latente. No último estágio, a doença pode provocar anormalidades cardíacas, lesões nos ossos, na pele e em vários órgãos. Cerca de 20% dos doentes nesse estágio apresentam a neurossífilis, ou seja, o sistema nervoso é afetado pela doença. Nos estágios finais, ela pode causar convulsões, cegueira, surdez, demência, problemas na medula espinhal e a morte.



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