Respeito a si mesmo e ao outro, amor ao
próprio corpo e autoestima estão diretamente ligados ao uso do preservativo.
Mais do que prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, essa atitude está
relacionada com o planejamento de vida. É o que afirma a psicóloga e sexóloga
Raquel Silva Penteado, formada pela Faculdade de Medicina da USP e que atua há
12 anos na área. Conforme Raquel, as pessoas precisam mudar os conceitos e
preconceitos sobre o uso do preservativo. Ao contrário de ser visto como um
inimigo da relação, como algo que atrapalha, ele está ali para ajudar, para
garantir o prazer, a saúde e ainda uma tranquilidade com relação a evitar uma
gravidez não planejada.
Por falta de informação, muitos casais
se atrapalham na hora da relação e não sabem ao certo o momento de usar o
preservativo. Alguns acreditam, por exemplo, que a gravidez ou a transmissão de
doenças só ocorre no momento da ejaculação, mas o líquido pré-ejaculatório
também transmite vírus e tem espermatozoides, portanto há risco de contrair uma
DST e/ou ter uma gravidez não-desejada, mesmo quando não há penetração. Isso
pode ocorrer quando esses fluídos são liberados perto da vagina. Desde a
Antiguidade, o preservativo tem sido a solução para garantir às pessoas a
qualidade de vida.
Ao invés de olhar para o envoltório
como um incômodo, ele pode ser agregado ao relacionamento e torná-lo mais
prazeroso, sendo inserido no jogo de sedução, orienta Raquel. De acordo com a
sexóloga, há uma infinidade de modelos, tamanhos, espessuras, com lubrificante
ou sem, e ainda os que têm sabor e os texturizados, que ajudam a apimentar a
relação. "O casal, aliás, pode ir a um sex shop para escolher junto",
sugere. Outra coisa que pode ser feita é treinar bastante a colocação. Raquel
lembra que há pessoas que falam de casos em que a camisinha estourou, mas isso
só ocorre quando ela não foi bem colocada. É preciso tampar a ponta para evitar
a entrada do ar enquanto o preservativo é colocado no pênis, que deve estar
ereto.
Raquel lembra que existe outra opção,
que é a camisinha feminina. Mas ela não deve ser usada por mulheres virgens,
isso porque tem dois anéis e um deles deve ser introduzido dentro da vagina, o
que é possível apenas para as mulheres que já tiveram relação.
Para quem reclama que usar preservativo
perde a sensibilidade, a sexóloga destaca que há vários tipos ultrafinos no
mercado e que isso na verdade depende da lubrificação. "É preciso muita
preliminar. Comprar lubrificante também ajuda", afirma. Desconforto mesmo,
era na época que se usava uma espécie de "saco de linho".
Todo cuidado é pouco
O médico urologista Rodrigo Tarpinian
também aconselha aos que reclamam do preservativo dificultar a sensibilidade,
usarem um gel. "O gel aumenta a temperatura do pênis e fica mais
prazeroso. É o que ajuda a melhorar a relação para os dois", indica. O
preservativo ainda ajuda quem tem ejaculação precoce.
Entre as Doenças Sexualmente
Transmissíveis que podem ser evitadas com o uso da camisinha estão o HIV (vírus
da aids), hepatite B, hepatite C, sífilis e HPV. Esta última tem tido muitas
ocorrências, tornando-se a mais preocupante nos dias de hoje, afirma o médico.
"É o tipo de doença que é facilmente visível. Enquanto no homem aparecem
apenas verrugas, no formato de uma pequena couve-flor, na mulher além das
verrugas, causa câncer de colo de útero", alerta. "Uma dica é que a
pessoa com HIV tem maior chance de apresentar HPV", acrescenta o médico.
Para o HPV e a hepatite B, lembra Rodrigo, é possível ainda se prevenir tomando
vacina.
Apesar da camisinha impedir a
transmissão da maioria das doenças, o médico recomenda atenção e cuidado mesmo
assim porque há algumas manifestações que podem não estar restritas à área
coberta pelo envoltório. Por exemplo há casos de HPV em que as verrugas se
espalham pela virilha, o que pode transmitir a doença mesmo com o uso do
preservativo. "O problema é que ela pode se manifestar em um mês, seis
meses ou até 10 anos depois do relacionamento", diz o médico.
Também a sífilis pode se localizar em
uma parte do corpo que não conta com a proteção do preservativo, por isso
Rodrigo afirma que é importante observar o órgão sexual do parceiro, verificar
se tem alguma lesão. "A sífilis é identificada como um ferimento com casca
dura", descreve.
Ainda de acordo com o médico, também é
preciso ter cuidado com o herpes. "A doença venérea se previne com a
escolha correta do parceiro. O ideal é sempre fazer exames e estabelecer uma
relação de confiança, não trair".
Rodrigo adverte principalmente as mulheres, que são as mais vulneráveis.
"Por isso elas devem estabelecer as regras da relação e de seis em seis
meses irem ao ginecologista. Lembrando que é mais fácil o homem transmitir o
HIV para a mulher do que ela para ele", observa o médico.
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