Infecções sexualmente transmissíveis em crianças e abuso sexual

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são um grupo de doenças com características clínicas e epidemiológicas diversas, mas que possuem em comum o fato de serem adquiridas, direta ou indiretamente, por meio do contato sexual com indivíduos contaminados. Isso faz com que frequentemente se associe esses quadros clínicos a pessoas na faixa de transição entre a adolescência e a vida adulta, mas é de suma importância levar em consideração que indivíduos de todas as idades podem ser afetados, inclusive crianças.

A ocorrência de IST em crianças pode ser resultante de transmissão ao longo da gestação, durante o parto ou após o nascimento, podendo ocorrer por autoinoculação (disseminação de um patógeno existente no próprio corpo do indivíduo) ou por heteroinoculação (disseminação de um patógeno externo pelo corpo do indivíduo, o que no caso de crianças ocorre frequentemente por conta de abuso sexual). O abuso sexual é a forma mais preocupante de transmissão de IST para crianças, devido à dificuldade de rastreio e gravidade das consequências.

A AIDS é um exemplo de IST que pode ocorrer em crianças por conta do abuso sexual. Um estudo de Lindegren e colaboradores (1998) observou que em uma amostra de 9136 crianças soropositivas, 26 tinham sofrido abuso sexual. Outro estudo, conduzido por Beck-Sagué e Solomon (1999), observou que 3,3% das crianças que havia sofrido abuso sexual teriam adquirido sífilis. Contudo, a escassez de literatura pediátrica sobre a epidemiologia de IST em crianças faz com que a transmissão por abuso sexual seja muitas vezes negligenciada.

Além disso, é importante observar que pessoas vítimas de abuso sexual na infância sofrem fortes impactos em sua saúde física e mental. No âmbito físico, o abuso sexual pode provocar lesões genitais e, em caso de fecundação, à transmissão vertical de IST, ao aborto ou parto prematuro, além de casos de esterilidade e carcinogênese. No âmbito mental, o abuso sexual pode provocar comportamentos de risco para a obtenção de IST já na vida adulta, como a multiplicidade de parceiros sexuais e a recusa ao uso de preservativos e de tratamento médico após uma eventual infecção (SENN et al, 2007).


Referências


BECK-SAGUÉ, C. M.; SOLOMON, F. Sexually transmitted diseases in abused children and adolescent and adult victims of rape: review of selected literature. Clin. Infect. Dis., v. 28, n. 1, p. 79-83, 1999.


LINDEGREN, M. L. et al. Sexual abuse of children: intersection with the HIV epidemic. Pediatrics, v. 102, n. 4, p. 46, 1998.


SENN, T. E. et al. Characteristics of sexual abuse in childhood and adolescence influence sexual risk behavior in adulthood. Arc. Sex. Behav., v. 36, n. 5, p. 637-645, 2007.

Mulher se torna primeira doadora de órgãos viva com HIV positivo.


  A primeira pessoa com HIV positivo a realizar doação do rim esquerdo foi Nina Martinez, de 35 anos, ela foi contaminada com apenas alguns meses de vida após uma  transfusão de sangue onde os testes necessários não foram realizados antes do procedimento, entretanto sua carga viral atualmente é indetectável.  

   O receptor também é um paciente com HIV positivo, e realizava hemodiálise já há um ano. Foram os cirurgiões do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, nos EUA, que  transplantaram o rim, ambos permaneceram em tratamento com a medicação anti-retroviral para controle do vírus. 

    Cabe mencionar, que  a resistência à medicação para o HIV, depende do sistema imune de cada pessoa, assim os médicos monitoram de perto o receptor após o órgão doador ser introduzido, e o  receptor faz o uso de medicamentos para que não tenha rejeição do órgão,sendo esses esperados que não interfira nos medicamentos supressores do HIV.

   Até o momento, deixar uma pessoa soropositiva com apenas um rim seria um grande perigo, devido a infecção e a medicamentos que podem aumentar a possibilidade de doença renal.  No entanto, através de estudos realizados pelos pesquisadores do hospital Hopkins, para doadores soropositivos saudáveis, a possibilidade de desenvolver doenças renais graves não é muito  maior do que para pessoas que não são portadoras do vírus. 

   As doações de órgãos entre HIV positivos , antes do transplante de Nina, apenas era possível após a morte do doador, considerando o procedimento um grande avanço científico no âmbito do HIV e também para as pessoas soropositivas. Nos EUA, por exemplo, entre 2016 e 2019 quando uma lei autorizou essa cirurgia, foram realizados 116 transplantes de órgãos de pacientes soropositivos para receptores com HIV, no entanto os doadores eram todos falecidos. Considerando que as filas de pessoas que precisam de doações de órgãos está cada vez maior, e que grande parte das pessoas soropositivas possuem uma vida normal com a saúde excelente e o vírus controlado, esse procedimento representa um marco muito grande na saúde mundial no que se diz respeito a doação de órgãos e esse assunto deve ser cada vez mais explorado e disseminado pelo mundo. 


Adaptado por: Amanda Lopes e Milena Lindolfo.

Referência: 

G1 GLOBO. Mulher se torna a primeira doadora de órgãos viva com HIV positivo. 2019. Disponível em : https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/03/28/mulher-se-torna-primeira-doadora-de-orgaos-com-hiv-positivo.ghtml. Acesso em: 10 set. 2021.


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