Donovanose: uma IST pouco conhecida


A donovanose é uma infecção sexualmente transmissível (IST) pouco frequente, de maior prevalência em regiões de clima tropical e subtropical, causada pela bactéria Gram negativa Klebsiella granulomatis, anteriormente chamada Calymatobacterium granulomatis. Ela afeta igualmente homens e mulheres, e é mais frequente em pacientes negros e na faixa etária entre 20 e 40 anos. Tem caráter crônico e progressivo, e acomete principalmente pele e mucosas da genitália, da virilha e do ânus. É endêmica no Brasil, mas sua ocorrência vem apresentando declínio: no ano de 2011, estimava-se que ela representava 5% dos casos de IST.

A transmissão ocorre através do contato direto com as lesões durante a relação sexual desprotegida com indivíduo infectado. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, há relatos de ocorrência dessa infecção em crianças e pessoas com vida sexual inativa, o que permite inferir que a via sexual pode não ser a única forma de transmissão. O período de incubação varia de 3 dias a 6 meses. Já o período de transmissibilidade não é conhecido, mas acredita-se que ele dure enquanto existam lesões abertas em pele e mucosas.

Após o contágio, surge uma lesão com aspecto de nódulo ou pápula (caroço) no local de inoculação do patógeno. Essa lesão sofre erosão e adquire o aspecto de uma úlcera de coloração vermelha, que é indolor e sangra com facilidade. Conforme a extensão da úlcera aumenta, ocorre destruição da pele adjacente. Não ocorre linfonodomegalia (íngua). Muito embora o acometimento de pele e mucosas seja o mais comum, a bactéria pode acometer também as vísceras, por meio da disseminação hematôgênica, ou seja, através da corrente sanguínea. Além disso, a destruição da pele pela úlcera cria uma porta de entrada, que pode favorecer a infecção por outros microrganismos.

 Lesões da donovanose em suas formas ulcerosa (esquerda) e úlcero-vegetante (direita). Fonte: Bezerra, Jardim, Silva, 2011.


O diagnóstico da donovanose é eminentemente clínico, ou seja, pode ser feito pela constatação dos sinais e sintomas.  O diagnóstico laboratorial também é possível. Neste caso, é realizada uma biopsia da lesão e em seguida um esfregaço em lâmina. Constata-se a donovanose pela observação dos corpúsculos de Donovan ao microscópio. O tratamento dessa infecção é feito pelo uso de antibióticos, os quais só devem ser utilizados sob prescrição médica. Após o término do tratamento, o paciente deve voltar ao serviço de saúde para que um médico possa avaliar se as lesões desapareceram e se houve cura da infecção. O contato sexual deve ser evitado durante o tratamento e enquanto houver lesões ativas.

Corpúsculos de Donovan observados ao microscópio.  Fonte: Bezerra, Jardim, Silva, 2011.


Para a prevenção da donovanose, bem como de outras IST, é imperativo o uso de preservativo em toda relação sexual, seja ela oral, anal ou vaginal. A prevenção só é efetiva se a área das lesões estiver completamente coberta pela camisinha.



Fonte: Farol de notícias


REFERÊNCIAS

Bezerra SMFMC, Jardim MML, Silva VB. Donovanose. An Bras Dermatol. 2011;86(3):585-6.

Ministério da saúde. Donovanose. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/donovanose>. Acesso em 17 Dez 2018.

Sociedade Brasileira de Infectologia. Donovanose. Disponível em: <https://www.infectologia.org.br/pg/987/donovanose>. Acesso em 17 Dez 2018.
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