Vamos falar sobre sífilis: a IST que virou epidemia nacional





A sífilis é assim, começa com um machucado. Indolor, costuma não ser bonito, mas também não é o fim do mundo. Quando aparece na região genital, fica evidente nos homens, mas pode acabar escondido dentro da vagina da mulher sem chamar atenção. Há ainda outros casos discretos, como na garganta ou no ânus. Aí, quando você está começando a se preocupar, Bam! A ferida desaparece. Parabéns! Seu sistema imunológico é mesmo incrível, né? Na verdade, não. Você só passou para a próxima etapa de uma doença que, a curto ou longo prazo, pode atacar seu cérebro, mudar a estrutura dos seus ossos, deformar seu rosto e matar seus filhos. Você tem sífilis.
A sífilis é um assunto sério! Vamos saber mais sobre essa infecção sexualmente transmissível, suas causas, prevenção e tratamento?!
O que é a sífilis?
É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum através de relação sexual sem proteçãoPode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios. Ela invade o corpo em quatro fases. Cada etapa determina o quanto o organismo está dominado pelos micro-organismos. 
A primeira, denominada como sífilis primária é rápida (dura no mínimo quatro e no máximo oito semanas) e se manifesta como uma ferida indolor que desaparece sozinha, sem deixar rastros. O fato de o machucado não doer está longe de ser bondade. É estratégia de sobrevivência das bactérias. Se não dói, dá para transar, né?! – e disseminá-las.
A sífilis secundária é ainda mais favorável para as bactérias. A doença volta a dar as caras entre seis semanas e seis meses após os machucados genitais sumirem. A pessoa infectada pode apresentar feridas pelo corpo, manchas vermelhas e lesões na palma das mãos ou dos pés. Esses sintomas que podem ser facilmente confundidos com uma alergia cutânea. E sabia que se você tomar um antialérgico, é provável que as feridas sumam?! O que é péssimo. Essas reações afinal são tentativas do corpo de sinalizar a doença, e uma medicação equivocada para abafar os sintomas mascara o pedido de socorro. Uma vez que os sinais se vão mais uma vez, se torna um passe livre para voltar a transar e multiplicar a espécie da bactéria. E assim começa a terceira fase da doença.
A sífilis latente pode durar até 40 anos, ficando reclusa, quietinha, sem manifestar sintomas. Na verdade, ela perde até seu caráter infeccioso; ou seja, o portador não passa mais a bactéria para frente.
Mas aí vem a sífilis terciária que é a fase aguda da doença. As úlceras que começam a brotar pelo corpo são tão agressivas que, em regiões de contato direto da pele com ossos, como no crânio, o esqueleto começa a ser corroído. Implacável, a infecção ainda ataca os sistemas vascular e nervoso – o que pode acontecer precocemente entre a primeira e a segunda fase. Quando a bactéria finalmente ocupa o cérebro, o infectado começa a sentir alterações de humor e pode desenvolver demência. É a chamada neurosífilis. Nesta última fase, finalmente, transar não ameaça mais aos outros. A sífilis deixa de ser infecciosa e quer acabar somente com o portador.
E um dos alvos mais frágeis é um grupo que tem sofrido particularmente com epidemias recentes no Brasil: as grávidas. Assim como o zika, a sífilis não poupa os bebês. Se uma gestante está infectada, em qualquer fase da doença, a criança pode nascer com sífilis congênita. 59% das crianças nascidas de mães com sífilis também apresentaram sinais da bactéria. A condição pode ocasionar más formações neurológicas e ósseas, além do óbito da criança. 

Como diagnosticar?
Se você se expôs à alguma situação de risco, como praticar sexo sem uso de preservativo, basta fazer o teste rápido (TR) de sífilis que está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde (DIAHV/SVS/MS), como parte da estratégia para ampliar a cobertura diagnóstica.
E como é o tratamento?
A infecção pode ser curada com um tratamento barato e simples: algumas doses de penicilina. Se a doença for diagnosticada no primeiro ano, a cura se resume a apenas duas injeções de benzetacil, uma em cada glúteo. Sim, aquela mesma que você encontra na farmácia e que pode ser administrada em  grávidas. Se o diagnóstico só aparecer mais tarde, sem problemas: penicilina cristalina (uma versão mais poderosa do antibiótico) nela, dessa vez por um pouco mais de tempo, duas injeções por glúteo em três doses semanais. Esse procedimento consegue até mesmo impedir a passagem da bactéria da grávida para seu filho.
Mas como é que o Brasil conseguiu virar palco de uma epidemia tão facilmente curável?
Umas das justificativas utilizadas pelo Ministério da Saúde é a queda no uso das camisinhas. Ela, de fato, é real e importante nessa causa, pois o uso da mesma previne não só a sífilis, mas também todas as outras infecções além da gravidez indesejável. Uma outra explicação é que a acessibilidade da penicilina tenha passado de nossa maior aliada para nossa maior inimiga. O preço modesto, que deveria facilitar o acesso da população à droga, desestimula a indústria farmacêutica a fabricá-la. Resultado: em 2015, faltou penicilina nas prateleiras do Brasil. E mesmo quando havia remédio aparecia um problema: ninguém na rede pública queria aplicá-lo, ficando restritos a postos de atendimento onde não havia suporte para a aplicação da medicação em um portador de sífilis, pois havia o risco de um choque anafilático, por exemplo. Até julho de 2015 era proibida a aplicação do medicamento pela equipe de enfermagem de locais que não estivessem equipados e se um enfermeiro do local resolvesse administrar penicilina, poderia ser responsabilizado por isso. O resultado foi o medo: segundo o Ministério da Saúde, 50% das equipes médicas evitavam aplicar penicilina por causa desse receio. Há também uma culpa paterna pela disseminação da doença, pois 62% dos parceiros de mulheres grávidas com sífilis não tomam os medicamentos, dando continuidade ao ciclo da bactéria.
E o que fazer diante disso?
Expor a situação ao público é só uma das frentes de batalha contra a sífilis. Outras medidas urgentes estão em andamento. Com a declaração da epidemia, o governo está articulando para liberar o preço da penicilina, para que fique mais cara. E isso é bom para o combate à sífilis. Apesar de soar contraintuitivo, a realidade é que a indústria farmacêutica não tinha interesse em produzir um medicamento que não lhe desse uma margem de lucro alta, mesmo que curasse centenas de milhares de pessoas. Agora é hora de estimular a produção do remédio. Um parecer do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) também liberou a aplicação dos medicamentos em postos de atendimento. E no momento está havendo um cuidado progressivo com os diagnósticos, pois entre 2001 e 2015 os testes rápidos entregues pelo SUS passaram de 1 milhão para 6 milhões; o Ministério da Saúde afirma que está instruindo médicos a falar de IST e a distribuir o exame na primeira semana de pré-natal. Outra medida de conscientização que deve ser tomada pela população é o uso indispensável do preservativo em toda e qualquer prática sexual, pois dessa forma, vai estar evitando o contato com a bactéria causadora da sífilis e suscetivamente sua propagação. 
Dificilmente essas boas práticas resolverão o problema da sífilis no Brasil, ainda que, sem sentir dor, muitos brasileiros infectados não estejam nas preocupantes estatísticas só porque não foram ao médico perguntar sobre aquela feridinha que, olha só, já passou...
FIQUEM LIGADOS! PREVENÇÃO É A MELHOR ESCOLHA!!!
Fonte: REVISTA SUPERINTERESSANTE: A NOVA CARA DA SÍFILIS
< https://super.abril.com.br/saude/a-nova-cara-da-sifilis/ > acesso em 12 Ago 2018

MINISTÉRIO DA SAÚDE: SÍFILIS < http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/sifilis > acesso em 12 Ago 2018

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