O uso de desodorante íntimo

   
      É comum a mulher notar um cheiro característico na vagina. A região produz substâncias, tais como suor, gordura e secreções, que exalam odor. Mais do que natural, esse ambiente é fundamental para a saúde íntima da mulher e, por isso, não deve ser modificado, porém o odor dessa região incomoda boa parte das mulheres. O desconforto causado pelo medo de não saber se há algum mau cheiro perceptível faz com que muitas errem na hora de realizar a higienização ou de buscar formas para controlar o problema.




       Para o ginecologista e obstetra Alberto Guimarães, um aspecto fundamental é saber que cada região do corpo tem um cheiro específico e isso não é, por si só, motivo de preocupação. No entanto, isso não significa que qualquer odor deva ser ignorado. A ginecologista Bárbara Murayama, da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, explica que, enquanto o cheiro normal é “suave, não incomoda a mulher ou pessoas em volta e é bem característico, não se assemelhando a nenhum outro cheiro”, o odor forte que pode indicar a presença de infecções é diferente, geralmente similar ao de peixe podre e facilmente notado pela mulher.
      No caso da parte genital feminina, o odor característico decorre da flora bacteriana, do potencial de hidrogênio (pH) local e do fato de a área ser rica em glândulas, como as sudoríparas e as sebáceas. Outro ponto ressaltado pelo profissional é relativo ao autoconhecimento. A mulher precisa conhecer seu cheiro natural. É importante ter esse parâmetro para que, ocorrendo alterações, ela procure um ginecologista.




                             O  desodorante íntimo faz mal?


       Ainda que o desodorante seja hipoalergênico e desenvolvido especificamente para esta parte do corpo feminino, ele acaba modificando o ambiente. Segundo a ginecologista Bárbara Murayama, coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, isso ocorre porque a vagina tem um ambiente controlado que a protege contra infecções. Ao aplicar qualquer produto que interfira na produção de suor, secreções ou gordura, essas características são modificadas, deixando a região em desequilíbrio e facilitando a proliferação descontrolada de micro-organismos. “Uma vez quebrada a barreira de defesa, se a mulher entrar em contato com algum fungo, bactéria ou mesmo vírus nesse momento, corre maior risco de se contaminar”, alerta.


  “A vagina não precisa disso. Basta higienizá-la corretamente e adotar hábitos que favoreçam a saúde íntima para manter o odor da região genital normalizado e sob controle. É claro que, ao final do dia, o cheiro estará mais perceptível do que pela manhã após sair do banho, mas ainda assim não será suficiente para, por exemplo, incomodar a pessoa ao lado”, garante.
      Ao sentir um cheiro mais forte ou diferente na região íntima, procure seu médico para investigar a causa do problema e tratá-lo, o que irá eliminar o incômodo. Não mascare o sintoma com medidas paliativas, como o desodorante íntimo, ducha vaginal, etc., pois, além de não tratarem a condição na raiz, ainda podem agravar o quadro, reduzindo a imunidade e servindo de ponte para doenças muito mais sérias, como o câncer de colo do útero e infertilidade, nos casos mais graves.


Fontes: Bolsa saúde da mulher., Saúde plena

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